No Brasil e especialmente em Salvador, qual família negra não morre de medo ao saber […]

No Brasil e especialmente em Salvador, qual família negra não morre de medo ao saber que uma jovem ou um jovem parente resolveu exercer o direito à simples diversão ou ao transitar pelas ruas com destino ao trabalho? No subúrbio ferroviário, em fevereiro deste ano, um jovem negro foi humilhado e torturado por membros da Polícia Militar da Bahia. Em 2019 um homem negro denunciou a humilhação imposta por um gerente de um banco em nossa cidade, as fotos espalhadas na internet mostram o microempresário negro sendo estrangulado pela polícia. Sob o pretexto de retirar as pessoas da praia em setembro deste ano a guarda municipal fez uso excessivo da força com um homem negro. Se fosse um homem não negro seria utilizado o mesmo expediente?

Não podemos esquecer da chacina do cabula, festejada pelo governador do estado da Bahia em 2015 como a destreza de um artilheiro frente ao gol, contudo os gols foram os homens negros assassinados.  Com muita facilidade encontraremos famílias negras que tenham sofrido alguma ou algumas cenas de violências simplesmente por serem negras. O extermínio do povo negro tem se intensificado nesses tempos de governo fascista e assistido com o desdém de sempre por autoridades em Salvador. Soube outro dia que uma amiga, uma mãe negra estava desesperada, esperando a chegada de seu filho. O rapaz tinha apenas passado do horário combinado, mas a experiência daquela mãe a fez chorar.

Precisamos de uma cidade que de fato seja fraterna e que pare de matar o povo negro. A prefeitura de Salvador precisa implementar projetos de empregabilidade ao povo negro e ao mesmo tempo colocar em prática campanhas de educação para as relações étnico-raciais em suas escolas, na guarda municipal e com a população em geral. A cidade mais negra do mundo fora do continente africano tem que ser também a cidade que mais respeita a diversidade e que mais oportuniza o povo negro. Façamos de Salvador nossa Wakanda brasileira, pacífica, fraterna, igualitária. Sejamos todos, todas, todxs Panteras Negras da paz e da diversidade. Vidas negras importam.

 

 

Links de matérias jornalísticas denunciando racismo

https://www.bahianoticias.com.br/noticia/252804-guarda-municipal-de-ssa-imobiliza-homem-negro-e-gera-debate-sobre-racismo-assista.html

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2019/02/homem-negro-humilhado-caixa-estrangulado.html

https://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/2131977-pms-envolvidos-em-tortura-contra-jovem-negro-em-paripe-sao-denunciados

https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/e-como-um-artilheiro-em-frente-ao-gol-diz-rui-costa-sobre-acao-da-pm-com-doze-mortos-no-cabula/

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Professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Doutor em Sociologia pela USP (2015), possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (2002) e mestrado em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (2009). Durante seu doutorado, foi Pesquisador Colaborador Visitante da Universidade de Princeton e Pesquisador do Museu Nacional José Martí / Universidade de Havana. Desenvolve pesquisas nas áreas de Teorias Críticas e Negritude e é membro do Grupo de Pesquisa CELACC/USP. É autor de Clóvis Moura: trajetória intelectual, práxis e resistência negra (Eduneb, 2015).

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