Vento Forte é uma revista marxista. Afirmamos a utopia comunista de que a felicidade humana só será completa em uma nova sociedade com distribuição equitativa de recursos econômicos e culturais e da completa supressão da exploração do trabalho humano.

Revista Vento Forte – Socialismo, Cultura e Revolução

Apresentação da Revista Vento Forte

Vento Forte é uma revista marxista. Afirmamos a utopia comunista de que a felicidade humana só será completa em uma nova sociedade com distribuição equitativa de recursos econômicos e culturais e da completa supressão da exploração do trabalho humano. Porém, para o novo nascer é preciso destruir o velho. Para o comunismo surgir é preciso que o capitalismo acabe. Nossa revista nasce em uma conjuntura em que os arautos do capital dizem que tudo é calmaria. Não percebem que as forças sociais transformadoras, assim como as da natureza sempre rebentam quando é tempo de viração.

Vento Forte é um barco pequeno que lançamos ao mar. Estamos conscientes dos desafios desta nova jornada. Rejeitamos todos os dogmatismos, pois apesar de saber a direção que nos guia, o comunismo, afirmamos abertamente que não sabemos como chegar até ele. Como disse Nietzsche “Agora barquinho, cuidado! Ao seu lado está o oceano: por certo ele nem sempre ruge, às vezes, ele se esparrama como seda e ouro e devaneios de afabilidade. Mas horas verão vocês que ele é infinito e que não há nada mais atemorizante que o infinito.” Não temos medo do infinito, pois diante do mar aberto tudo é potência e risco. É preciso aprender com os sinais do tempo, as estrelas, os acidentes geográficos e demais indicações que surgem no caminho. Mas, sobretudo, é preciso saber aprender com o povo. Porque por mais que o povo não conheça ainda completamente os mecanismos de sua opressão, ele os sente. E é ainda melhor sentir com o povo do que saber sem ele. Temos que partir da realidade brasileira. É nela que fincamos nossa bandeira socialista. O Brasil, não como objeto de estudo abstrato, rótulo vazio na boca de políticos demagogos, mas como realidade dinâmica formada por diferentes povos e culturas em luta contra a ordem dominante e que afirmam, no cotidiano, uma forma de vida baseada na força da solidariedade, da partilha e do bem viver e rechaça os valores burgueses do consumo e do egoísmo.

Vento Forte é uma revista marxista que nasce com muitos desafios.

O primeiro é o de contribuir para reafirmar o lugar da revolução no pensamento marxista e socialista. A revolução é ruptura com a ordem burguesa e a afirmação de uma nova ordem social nascida das lutas e das organizações populares. Rejeitamos, portanto, o cinismo dos que levam “a revolução na boca para viver dela”. A revolução é um fato histórico e político indispensável para a superação do capitalismo e a construção de uma etapa superior no desenvolvimento humano: o socialismo.

O segundo é de contribuir para repensar, nas condições histórico-culturais do século XXI, o significado do Programa Democrático e Popular como programa de reformas estruturais que criam condições para a transição socialista. Neste ponto, a nossa polêmica é com os que menoscabam a contribuição do Programa Democrático e Popular à revolução brasileira.

O terceiro é de pensar o que entendemos por sujeito histórico e as formas que ele assume nas conjunturas concretas dos povos em luta contra o capital. Entendemos que a classe trabalhadora é o ator central da luta contra a ordem capitalista. Porém, quem são historicamente os trabalhadores? Por exemplo, como a experiência da classe trabalhadora e a formação de uma cultura de classe se relacionou e relaciona com as práticas culturais de luta e resistência de LGBTT´s, mulheres e negros e negras?

O quarto desafio é perceber qual a contribuição da realidade brasileira à teoria marxista e como podemos pensar num projeto comunista que seja expressão da realidade brasileira. Aqui travamos combate contra a tradição da “esquerda copiadora” tão afeita a rótulos vazios, caminhos pré-estabelecidos e fórmulas prontas. O socialismo ou será criação histórica ou não será. Evidentemente, não faremos isso sozinho. São as perguntas que nos orientam. E perguntas exigem diálogos, não monólogos. É inegável a existência de uma esquerda combativa plural. Porém esta pluralidade só é positiva quando se expressa em sínteses, sempre provisórias e conjunturais, que instrumentalizam nossa ação. Ao aproximar os que pensam diferente esperamos abrir caminhos, semear novos ventos e estabelecer percursos originais de viagem.

Vento Forte reafirma que apenas em uma sociedade de homens e mulheres livremente associados – em que a nossa matriz cultural africana e indígena seja valorizada como parte decisiva no processo de afirmação da humanidade sobre o capital – é que teremos superado uma etapa histórica em que o racismo, o sexismo, a homofobia e a exploração do trabalho convergiram para frear a vocação ontológica do gênero humano em Ser Mais. Rejeitamos o fundamentalismo e o conservadorismo religioso na mesma medida em que defendemos a liberdade de expressão religiosa e o estado laico.

Estamos no mar. É o vento forte de Iansã que enche de vida as velas de nosso barco peregrino. Diante do oceano infinito, a força dos ventos empurra nossas velas e na pedagogia das ondas aprendemos a conduzir a nau venturosa! Que perigos enfrentaremos logo adiante? Que terras iremos encontrar? Como reagiremos diante do novo? Definitivamente, não sabemos.

Vento Forte surgiu para reafirmar que os nossos sonhos são vermelhos. Do vermelho de Iansã. Do vermelho de Oyá.

Eparrei!

Os Editores

https://revistaventoforte.wordpress.com/2013/10/

Nota Explicativa: Por motivos alheio a minha vontade, a Revista Vento Forte (2013) não foi adiante. Ficou o site e o texto de apresentação que compartilho aqui nesta página.

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Professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Doutor em Sociologia pela USP (2015), possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (2002) e mestrado em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (2009). Durante seu doutorado, foi Pesquisador Colaborador Visitante da Universidade de Princeton e Pesquisador do Museu Nacional José Martí / Universidade de Havana. Desenvolve pesquisas nas áreas de Teorias Críticas e Negritude e é membro do Grupo de Pesquisa CELACC/USP. É autor de Clóvis Moura: trajetória intelectual, práxis e resistência negra (Eduneb, 2015).

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